Não teve conversa. Interpelado por Binha de São Caetano,
torcedor símbolo do Esporte Clube Bahia, o presidenciável Ciro Gomes (PDT)
gastou o verbo para tentar ganhar mais um eleitor.
“Apoiei Lula por 16 anos. Isso não conta?”, disse Ciro ao
possível eleitor, no que foi logo retrucado: “Se Lula te apoiar, voto em você.
Mas só se Lula te apoiar”.
De olho no eleitorado lulista, os presidenciáveis Ciro Gomes
e Guilherme Boulos (PSOL), participaram na manhã desta segunda-feira (2) do
desfile cívico do 2 de Julho, data que marca a Independência da Bahia, nas ruas
do centro histórico de Salvador.
Ciro chegou por volta das 7h no largo da Lapinha,
concentração do cortejo, onde cumprimentou o governador da Bahia Rui Costa (PT)
e o prefeito de Salvador ACM Neto (DEM). Mas não caminhou ao lado de nem um,
nem do outro.
Caminhada
Usando uma bota ortopédica após um acidente doméstico,
deixou o cortejo ainda na concentração. Mas não sem antes cortejar eleitores
petistas, pessebistas, passando pelo grupo evangélico “timbaleiros de cristo”,
ligados a um deputado estadual baiano. Ao avaliar os dois partidos
protagonistas da política baiana, se disse mais próximo ao PT, e reafirmou o
apoio de seu partido à reeleição do governador Rui Costa.
Nacionalmente, disse estar focado na negociação com o PSB.
Evitou falar sobre uma possível aliança com o DEM, mas se disse aberto a
negociar com partidos fora do campo da esquerda numa “conversa em torno de
compromissos”, mirando a governabilidade. “Temos que ir para a eleição olhando
para o dia seguinte para transformar as promessas em compromissos verdadeiros”,
disse.
DEM
O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), disse que o apoio a
Ciro é uma possibilidade em discussão no partido, que deve definir seu futuro
nas próximas duas semanas. “A gente não pode deixar de considerar Ciro como uma
hipótese, uma alternativa”, disse o prefeito, que caminhou no cortejo ao lado
de José Ronaldo, pré-candidato do seu partido ao governo da Bahia. Já o
ex-governador da Bahia Jaques Wagner criticou uma possível aliança de Ciro com
partidos com o DEM. “É uma decisão dele. Mas, pessoalmente, acho que seria um
equívoco”, disse.
Boulos
Outro presidenciável presente no desfile cívico, Guilherme
Boulos caminhou ao lado de militantes do PSOL que carregavam uma faixa pedindo
liberdade para o ex-presidente Lula, preso desde abril em Curitiba após condenação
no caso do triplex do Guarujá. Disse não ver contradição em trazer a defesa da
liberdade ao ex-presidente petista como bandeira da pré-campanha: “Enquanto
Lula tiver preso, essa será uma bandeira democrática no Brasil. A gente não
negocia a defesa da democracia”, disse.
Por outro lado, fez questão de pontuar diferenças entre o
projeto político do PSOL e do PT, criticando possíveis alianças dos petistas
com partidos que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma. “Precisamos de
um novo modelo que enfrente privilégios de verdade. Não dá para ter aliança com
golpista, dormir com o inimigo”, afirmou Boulos.
E ainda
As presidenciáveis Marina Silva (Rede) e Manuela D’Ávila
(PCdoB) eram esperadas para o cortejo, mas acabaram não confirmando a vinda
para a Bahia. Os partidos de ambas desfilaram com seus respectivos grupos, mas
sem menção direta às pré-candidaturas. Já os petistas defenderam o
ex-presidente Lula, mesmo preso, como candidato à Presidência: “Nosso caminho
está traçado. Vamos até a última gota de suor com Lula“, disse Jaques Wagner.
Com informações da Folha
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