A pré-candidata à Presidência da República, Manuela d’Ávila, explica propostas para uma reforma tributária progressiva
Em vídeo
publicado nas suas redes sociais nesta segunda-feira (21), a pré-candidata do
PCdoB à Presidência da República, Manuela d’Ávila, explica os dez pontos da
reforma tributária progressiva, que ela defende.
Na visão da
pré-candidata, é importante falar sobre reforma tributária porque no Brasil, os
impostos contribuem para o aumento da desigualdade e porque o Estado precisa de
dinheiro para investir em educação, saúde e segurança, ou seja, para garantir o
desenvolvimento econômico.
“Quero que
vocês saibam que o nosso ponto de partida é algo que se chama ‘capacidade
contributiva’, ou seja, os impostos só podem ser cobrados depois que as pessoas
garantem as suas necessidades básicas”, explicou.
O primeiro
ponto que Manuela defende é cobrar impostos dos muito ricos. “Para vocês terem
uma ideia, 0,2% da população brasileira declara receber mais de 160 mil reais
por mês. Se a alíquota efetiva de imposto desta turma que paga só 6%, passasse
para 9%, nós já arrecadaríamos 160 bilhões de reais”, disse.
“Um dos
problemas do nosso sistema de tributos é que nós tributamos muito o consumo.
São os chamados impostos indiretos. O que isso quer dizer? Quer dizer que no
Brasil nós pagamos impostos quando vamos ao supermercado, na farmácia, quando
compramos os itens de primeira necessidade. Pro rico não faz diferença nenhuma
o imposto pago sobre um quilo de feijão. Para os mais empobrecidos faz muita
diferença”. Manuela defende mudar esta realidade diminuindo os tributos sobre
consumo e isentando os produtos de primeira necessidade, aqueles que as pessoas
que ganham menos, mais consomem.
Para Manuela,
é preciso tributar alugueis, rendimentos e dividendos. “As pesquisas mostram
que quanto mais ricas são as pessoas, mais elas recebem dinheiro de atividades
que não são vinculadas ao trabalho. E não tributam sobre elas”, ressaltou.
“Na mesma
linha de taxar quem vive de rendas, vamos taxar os dividendos. E o que isso
quer dizer? No Brasil, as empresas pagam impostos por seus lucros, mas quando
eles são distribuídos aos sócios e acionistas, não há tributação. Quem quer que
os ricos continuem sem pagar imposto, argumenta que existiria uma tributação
dupla, porque a empresa já foi cobrada. Este argumento não tem sentido, uma
coisa são os indivíduos e outra coisa são as empresas”, explicou.
Manuela ressaltou
que na Constituição Federal de 1988, no artigo 153, há previsão de taxação das
grandes fortunas. “Por que não acontece? Porque não interessa aos
multimilionários e multipoderosos do nosso país. Na Europa Ocidental,
praticamente todos os países cobram impostos sobre grandes fortunas. Uma
pesquisa recente do IPEA mostra que a capacidade de arrecadar com a taxação de
grandes fortunas, chegaria, imediatamente, a 14 bilhões de reais anuais e,
pasmem, 74% deste valor seria cobrado de apenas 1000 pessoas, que têm o
patrimônio superior a 100 milhões de reais”.
Na visão da
pré-candidata, é preciso subir as alíquotas de impostos sobre grandes heranças
e doações. “No Brasil, essa alíquota fica com os Estados e é irrisória. A maior
alíquota do Brasil é de 8%, na Alemanha e no Japão, é de 50%, na França, 60%.
Aumentar as cobranças sobre grandes heranças e doações pode garantir um alento
aos Estados, que vivem em crise e também a diminuição da tributação sobre o
consumo, que afeta, sobretudo, aos trabalhadores e às trabalhadoras”.
Outra medida
que Manuela defende é taxar o consumo de luxo, o que não acontece no Brasil.
Ela explicou que o carro popular paga IPVA e as embarcações de luxo não pagam
impostos. “Talvez seja por isso que o Brasil é o país campeão deste tipo de
consumo que chamam de suntuário”
“Rever as
desonerações. Nós não somos contra ter alguma desoneração, por tempo
determinado, para alguma empresa que tenha vínculo com o Projeto Nacional de
Desenvolvimento e que tenha compromisso com a retomada da industrialização no
Brasil. Mas é preciso que elas cumpram contrapartidas e a fiscalização disso
tem que ser criteriosa. Ou seja, para receber desoneração a empresa tem que ter
compromisso com o plano de desenvolvimento do país e com a retomada da
indústria nacional. Retomar o crescimento econômico resultará num aumento
global de arrecadação, porque economia fraca, não arrecada”, explicou Manuela.
Manuela também
defende que é preciso combater a sonegação. “São 520 bilhões de reais sonegados
por ano no Brasil e ninguém fala sobre isso. Falam de vender a Eletrobras,
falam de privatizar os bancos públicos e não querem combater a sonegação. Por
quê? Porque quem sonega são, principalmente, os ricos. Porque os mais pobres e
a classe média são submetidos a uma estrutura tributária de difícil sonegação”.
Para a pré-candidata do PCdoB, a luta para combater a sonegação de impostos dos
mais ricos será duríssima.
“Porque,
afinal, é isso que faz com que este 1% de poderosos perpetuem-se no poder. Ao
sonegar impostos, os mais ricos não ficam apenas com um dinheiro que não é seu,
eles fazem com que o Estado fique à míngua e precise pedir dinheiro emprestado
para eles. O ciclo é o seguinte: eles sonegam, provocam o endividamento do
Estado, exigem juros altíssimos e, sendo os donos da dívida pública, acabam
recebendo lucros de agiota. Com isso, o orçamento que deveria ser para saúde,
educação, segurança e para financiar o desenvolvimento acaba sequestrados pelos
sonegadores”.
Manuela
afirmou que é preciso fazer com que a população debata reforma tributária de
verdade e impostos.
“Será preciso
força e muita mobilização do povo brasileiro para garantir que nós possamos
tributar aos mais ricos e deixar de cobrar impostos dos mais pobres”, frisa a
pré-candidata do PCdoB à Presidência da República.
Confira na
íntegra:
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