O último Censo
Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta
que cerca de 2,3 milhões de cearenses apresentam alguma deficiência, seja
física, auditiva, visual, mental ou múltipla. O dado representa 27,69% dos 8,4
milhões de habitantes do Estado, terceiro maior em número de pessoas com
deficiência, atrás do Rio Grande do Norte e da Paraíba. No Brasil, 45,6 milhões
de pessoas ou 23,92% da população tem algum tipo de incapacidade para ver,
ouvir, mover-se ou alguma deficiência física ou intelectual. Trabalhadores com
deficiência representam cerca de 23% do total de ocupados no País.
Fernanda Lima Peixoto,
universitária de 25 anos, faz parte desse grupo e, este ano, entrou para o
mercado de trabalho formal. “É a primeira vez que tenho um emprego com carteira
assinada. Consegui o trabalho por meio do Cepid. Fui bem recebida, tive toda a
orientação e só posso dizer que o Centro é nota 10”, explica a assistente
administrativa e estudante do terceiro semestre do curso de Recursos Humanos.
Fernanda é deficiente física e como tantas outras pessoas que passam pelo
Centro de Profissionalização Inclusiva para a Pessoa com Deficiência (Cepid) é
marcada pela luta e pela perseverança de quem lida com barreiras físicas e
atitudinais no dia a dia. Celebrado hoje, 21 de setembro, o Dia Nacional de
Luta da Pessoa com Deficiência evidencia essa urgência de transpor obstáculos e
fomentar iniciativas que insiram essas pessoas no mercado de trabalho.
“Mais do que
qualificar profissionalmente e encaminhar para o mercado de trabalho jovens e
adultos com deficiência, promovemos e estimulamos, através do Cepid, a prática
desportiva e a socialização das pessoas. É muito valioso integrar uma pasta que
tem a tarefa de coordenar esta unidade”, destaca o titular da Secretaria do
Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), Josbertini Clementino, ao antecipar
que o Cepid será palco, no próximo dia 29 de setembro, do Dia D de Contratação
de Pessoas com Deficiência. Em 2016, foram captadas para o evento 564 vagas de
emprego, 426 pessoas foram atendidas e 217 garantiram uma vaga no mercado de
trabalho.
Na quarta
matéria da série sobre o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência,
celebrado hoje (21), apresentamos histórias e ações de inclusão no mercado de
trabalho
Inclusão
gerando resultados
Até setembro
de 2017, em todo o Ceará, a STDS, por meio do Sine/IDT, colocou no mercado de trabalho
1.198 pessoas com deficiência, das quais 213 têm deficiência auditiva, 734 com
deficiência física, 145 apresentam deficiência visual e oito têm deficiência
mental ou intelectual. Em 2016, foram inseridos 1.647 trabalhadores com algum
tipo de deficiência.
Equipamento
gerido pela STDS, o Cepid atende às demandas de pessoas com deficiência por
formação, qualificação e inserção no mercado de trabalho, ofertando serviços
também à população em geral. Desde sua criação em 2014, a unidade cadastrou um
total de 7.355 pessoas, das quais 2.911 são pessoas com deficiência. Os cursos
de qualificação, nas modalidades presencial e à distância, beneficiaram 2.558
pessoas e 854 foram inseridas no mercado de trabalho. Só em 2017, 1.676 pessoas
foram cadastradas pelo Centro, das quais 757 têm deficiência. O Cepid também
qualificou 213 jovens e adultos com deficiência de 532 inscritos e inseriu 170
profissionais com deficiência no mercado de trabalho.
A reserva
legal de cargos, também conhecida como Lei de Cotas (art. 93 da Lei nº
8.213/91) estabelece a obrigatoriedade de empresas com 100 ou mais empregados
preencherem uma parcela de seus cargos com pessoas com deficiência, em
proporções que variam de acordo com o número de empregados: até 200, a reserva
legal é de 2%; de 201 a 500, de 3%; de 501 a 1.000, de 4%; e acima de 1.001, de
5%.
Na quarta
matéria da série sobre o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência,
celebrado hoje (21), apresentamos histórias e ações de inclusão no mercado de
trabalho
O Cepid
A unidade,
localizada na Barra do Ceará, em Fortaleza, oferece serviços de orientação
psicossocial, por meio de equipe multidisciplinar; cursos de formação e
qualificação nas áreas de Indústria, Comércio e Serviços, de acordo com as
demandas do mercado e as necessidades das empresas; intermediação para o
mercado de trabalho; acompanhamento periódico das pessoas com deficiência
inseridas nos postos de trabalho; ações de sensibilização nas empresas para o
trato com as pessoas com deficiência.
Na área do
esporte, o Cepid atende, em média, 150 atletas por ano, em modalidades como
basquete em cadeiras de rodas, natação, futsal de cinco para deficientes
visuais, futebol em cadeiras de rodas e tênis de mesa, gerando resultados
favoráveis, como a convocação de atletas do basquete e do futebol em cadeiras
de rodas para suas respectivas seleções brasileiras.
O Cepid é um
ambiente acessível equipado com piso tátil direcional e de alerta, assentos nos
chuveiros, rampas e elevador de acesso, barras de apoio, mesas para cadeirantes
nas salas de aula, além de área de convivência com cafeteria, salas de aula
climatizadas, laboratórios de informática, salas de atendimento individual,
auditório com capacidade para 80 pessoas, piscina acessível, quadra
poliesportiva e academia de baixo impacto ao ar livre.
Os
interessados em participar de atividades no Cepid devem ter a partir de 16 anos
de idade e precisam realizar um cadastro para o qual é solicitado RG, CPF,
comprovantes de residência e de escolaridade. Feito o registro, os novos inscritos
são submetidos a uma entrevista com psicólogo e/ou assistente social e
encaminhados aos serviços de seu interesse.
Na quarta
matéria da série sobre o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência,
celebrado hoje (21), apresentamos histórias e ações de inclusão no mercado de
trabalho
Qualificação
cidadã
O Projeto
Primeiro Passo, em parceria com o Instituto Cearense de Educação de Surdos,
está qualificando 20 jovens com deficiência auditiva no curso de Assistente de
Comércio, na linha de ação Jovem Aprendiz. A turma, iniciada em agosto passado,
está na fase de capacitação teórica e a STDS já viabiliza junto às empresas as
vagas para inseri-los no mercado e garantir a qualificação prática.
O Jovem
Aprendiz capacita estudantes da 3ª série do Ensino Médio noturno ou que já
tenham concluído. Os jovens, que devem ter entre 16 e 22 anos, são qualificados
em cursos de iniciação profissional e, simultaneamente, inseridos em empresas
privadas. Com duração de um ano, os inscritos nesta linha recebem do projeto
fardamento, lanche, material didático e são remunerados pela empresa. (Lei de
Aprendizagem nº 10.097 de 19/12/2000).
A série
A melhora da
qualidade de vida de crianças e adolescentes com deficiência atendidas pela
rede de atenção à saúde são o tema da penúltima matéria da série especial da
Semana de Luta da Pessoa com Deficiência, que será veiculada amanhã.
Carlos Eugênio
Saraiva - Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social - STDS
Sheyla Castelo
Branco e Lia de Paula - Fotos
_________________________________________________________________________________