Mesmo com o
aporte obtido durante a quadra chuvosa deste ano e as medidas para economia de
água desenvolvidas nos últimos meses, os reservatórios do Estado voltaram a
apresentar situação crítica semelhante à que se encontravam em igual período do
ano passado. Em audiência na Assembleia Legislativa do Ceará (ALCE) na tarde de
ontem (16), o secretário de Recursos Hídricos do Estado, Francisco Teixeira,
revelou que os açudes cearenses chegaram a 11,1% de sua capacidade, nível pouco
inferior ao registrado em 2016, equivalente a cerca de 12%.
As
precipitações registradas na estação chuvosa, embora tenham ficado dentro da
média histórica, não renderam aporte significativo para os principais
reservatórios do Ceará. Em relação ao ano passado, açudes como Castanhão, Orós
e Banabuiú, importantes para o abastecimento de Fortaleza e da Região
Metropolitana, estão com menor volume de água.
"As
chuvas se concentraram no Centro e no Norte do Estado. Houve uma irregularidade
grande, de forma que, na região Sul, as chuvas foram abaixo da média,
consequentemente não tivemos aporte nesses reservatórios estratégicos",
destacou Francisco Teixeira.
A preocupação
com o abastecimento fica maior diante dos possíveis cenários para o próximo
ano. Conforme mostrou o Diário do Nordeste nesta semana, análises do Centro
Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemadem), o açude
Castanhão pode atingir menos que os atuais 5% de capacidade e até secar
totalmente antes da quadra chuvosa de 2018.
Outro
agravante é a demora na entrega das obras de transposição do Rio São Francisco,
retomadas no mês de julho após mais de um ano de paralisação. Depois de ter
vários prazos de conclusão adiados, a expectativa atual é que o trabalho seja
finalizado no início do próximo ano. No entanto, esse prazo também não está
definido.
Segundo o
secretário de Recursos Hídricos, o Governo do Estado espera que a obra seja
entregue em março. Conforme ele, o Governo Federal tem pressionado a
construtora responsável pela intervenção para acelerar os serviços. "É bom
que essa água chegue no período da estação chuvosa, porque vai ser mais fácil
conduzir esse fluxo da fronteira do Ceará com Pernambuco até o açude Castanhão
se os leitos dos riachos estiverem umedecidos", explica.
Teixeira
afirma que o estoque atual dos reservatórios garante o abastecimento da Região
Metropolitana até o primeiro semestre do próximo ano. Se as águas provenientes
da transposição chegarem ao Estado no tempo esperado, também será possível
manter a situação controlada até o segundo semestre.
Águas
subterrâneas
Para o
Interior do Estado, no entanto, o secretário destaca que será necessário
intensificar a construção de poços, implantação de adutoras e outras ações de
exploração de águas subterrâneas. "Temos que ampliar a diversificação das
fontes hídricas, por isso estamos trabalhando para duplicar a adutora do açude
de Maranguape e captar mais água subterrânea na região do Pecém. Também estamos
fazendo uma licitação para construir uma adutora para explorar o aquífero na
região da Taíba".
Além disso,
ele reforça a necessidade de continuar as ações de economia junto à população.
"Vamos continuar esclarecendo à sociedade, trabalhando para que a
população economize cada vez mais água e entenda que situação critica não
passou".
Diário do Nordeste
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