Brasília. De
olho em uma candidatura própria em 2018 e no centro da enorme crise política
que se abate sobre o primeiro presidente do partido que chegou ao Palácio do Planalto,
a Executiva Nacional do PMDB se reuniu, ontem, e anunciou uma reformulação
geral no programa e na marca da legenda para "ganhar as ruas" e se
transformar em uma "força política".
Com a
estratégia de tentar retomar o prestígio das lutas pela redemocratização
lideradas por figuras como Ulysses Guimarães e Teotônio Vilela, a primeira
mudança será no nome do partido, que perderá o "P" e retornará ao
antigo Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
O atual
presidente Romero Jucá (PMDB-RR) afirma que a intenção não é fugir do desgaste
do PMDB e se esconder em outro nome. O ofício sobre a mudança, a ser
oficializado em convenção nacional em 27 de setembro, já foi encaminhado ao
TSE.
"Quero
aqui rebater crítica de que o PMDB estaria mudando de nome para se esconder.
Não é verdade. Estamos resgatando a nossa memória histórica", disse. O
presidente do PMDB anuncia que não será apenas uma mudança de nome, mas uma
reformulação programática e de conceito para ganhar as ruas.
"Queremos
ser muito mais do que um partido, queremos ser um força política", disse
Jucá.
Além da crise
de governo, o PMDB enfrenta disputas internas, puniu dissidentes com suspensão
de atividades partidárias por terem votado a favor da denúncia contra Temer.
Ontem, foi suspensa, temporariamente, a senadora Kátia Abreu (TO).
Já o ex-líder
do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), rompeu com o governo e virou uma
metralhadora. Renan disse que o PMDB se tornou cada vez mais o partido do
"ame-o ou deixe-o". E cobrou a eleição de uma nova Executiva
nacional.
Cientistas
políticos avaliaram que a volta da sigla MDB integra uma estratégia que combina
o afã do eleitorado pela novidade com a nostalgia dos tempos áureos da legenda.
Para analistas, o novo MDB carece de sua característica original: lideranças
que representem o desejo popular por um modelo democrático.
"O
problema da vida política, em particular do PMDB, é que não existe uma
liderança que seja nacionalmente respeitada e capaz de liderar o partido em uma
disputa eleitoral", disse Eurico Figueiredo, da UFF.
Com a mudança,
a sigla repete a atitude de partidos que se inspiram em movimentos políticos da
Europa para evitar desgaste nas eleições de 2018. "A sigla quer deixar o
estigma político que está configurado nas pesquisas: a rejeição aos partidos. E
procura uma memória social, o que não se sustenta, pois ela é estritamente
acadêmica. É uma aposta na confusão do eleitorado que não acompanha o
noticiário", disse Paulo Baía, da UFRJ.
Diário do Nordeste
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