O Ministério
Público da Espanha pediu dois anos de prisão para Neymar. Segundo o jornal
espanhol El País, os procuradores apresentaram na manhã desta quarta-feira suas
acusações contra o brasileiro e apontaram para a suspeita de corrupção.
Além da prisão
do jogador, o procurador José Perals recomenda uma pena de cinco anos de prisão
ao ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell, considerado como a pessoa
responsável pelo contrato com Neymar. O clube ainda teria de pagar 8,4 milhões
de euros em multa, segundo o jornal espanhol. Já o atual presidente Josep
Bartomeu, não teria uma pena recomendada.
No mês
passado, a Justiça da Espanha havia decidido processar Neymar por corrupção,
reabrindo o caso que havia sido arquivado. O juiz José de la Mata também optou
por processar o presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, além do pai do
jogador e até mesmo ex-dirigentes, como Sandro Rosell. O centro da polêmica era
ainda o contrato entre o jogador e o clube.
O caso havia
sido iniciado pela empresa DIS, que detinha parte dos direitos sobre Neymar
quando o brasileiro ainda atuava pelo Santos. O Tribunal na Espanha já havia
aceito o processo, que ainda aponta para a manipulação de contratos. Pela lei,
uma eventual condenação máxima poderia resultar em uma prisão de oito anos
pelos crimes, ou uma multa milionária.
A queixa tem,
como origem, a divisão do pagamento que o Barcelona deveria realizar na compra
do jogador. Para a DIS, ela deveria receber 40% do dinheiro que o clube catalão
ou qualquer outro gastaria no jogador. Mas a empresa insiste que apenas recebeu
17,1 milhões de euros do Barcelona.
As
investigações na Espanha acabaram revelando que o valor real pago por Neymar
chegou a 83 milhões de euros, o que acabou sendo confirmado pelo Barcelona e
levado à queda de sua diretoria. Mas 40 milhões de euros teriam ido para Neymar
por meio de "contratos simulados".
Para a DIS,
uma negociação transparente com outros clubes teria gerado mais dinheiro para a
empresa que, ao não saber de outros contratos de Neymar com o Barcelona,
considera que foi lesada financeiramente.
Ao aceitar o
caso, De La Mata justificou que os contratos de 2011 "alteraram o livre
mercado de transferências de jogadores" e que a "livre
concorrência" foi afetada por um delito. Em sua decisão, o juiz ainda
aponta que um contrato eventual com outra equipe poderia ter sido ainda maior,
posição também adotada pela DIS. Por isso, o processo se refere ao crime de
corrupção.
O juiz também
opta por apontar para a responsabilidade da empresa que detinha os direitos de
Neymar, a N&N. Parte dos contratos simulados havia sido justamente fechados
entre o Barcelona e a empresa, usando uma série de argumentos - como direito de
imagem. Mas, para o magistrado, a empresa controlada pelo pai do jogador não
mantinha "mecanismos ou modelo de organização e controle para prevenir
crimes dessa natureza".
Na avaliação
do juiz, os cartolas do Barcelona, inclusive seu ex-presidente Sandro Rosell,
estavam "conscientes" da irregularidade e são responsáveis por eles.
Assim, a compra do jogador teria sido realizada sem informar suas devidas
condições nem ao Santos e nem à DIS. Segundo ele, esses são "os indícios
principais do crime de corrupção entre particulares".
Bartomeu ainda
tomou a iniciativa que "infringia as regras da Fifa e contribuindo para
manter o Santos e o DIS na ignorância absoluta dessas operações".
"É
razoável pensar que os dirigentes intervieram na contratação" estima o
magistrado. Em sua avaliação, eles são "responsáveis pela decisão e
conscientes de sua finalidade ilícita". Os contratos assinados ainda seriam,
na avaliação do juiz, "uma simulação consciente". "Está claro
que os dirigentes que tomaram essas decisões articularam esse pacote de
contratos simulados com o objetivo de ocultar o valor real do contrato",
completa o juiz.
Diário do Nordeste
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