As bandas de
forró que estão sendo investigadas na Operação "For All" não
declaravam os cachês dos shows por inteiro no Imposto de Renda, segundo a
Receita Federal e a Polícia Federal, que concederam coletiva de imprensa na
manhã desta terça-feira (18), na sede da PF em Fortaleza.
De acordo com
os órgãos, apenas 20% a 50% dos cachês eram declarados, por se tratar da
parcela que era depositada na conta das empresas. A outra parte, que pode
chegar a 80% do valor real, era paga em dinheiro em espécie às bandas, antes
delas subirem ao palco.
A sonegação
fiscal foi descoberta a partir da diferença entre o valor declarado pelas
bandas e o cachê pago em shows que tinham prefeituras municipais como
contratantes, já que estas discriminavam o valor real em documentos oficiais.
Informações sobre o cachê das bandas fornecidas pela imprensa também
colaboraram para a investigação.
"O que
causou estranheza é o que é divulgado e o que efetivamente vai para o papel,
para a declaração. Quando você cruza a quantidade de shows que é realizada por
ano com o valor que eles cobram por cachê, a gente vê que é totalmente díspare
do que eles informam oficialmente à Receita Federal. É uma diferença
enorme", afirmou a delegada da Polícia Federal que conduziu a operação por
dois anos, Doralucia Oliveira de Souza.
Maioria do
lucro estava em 'mundo clandestino', segundo a Receita Federal
Além dos
cachês dos shows, outros valores também eram omitidos pelas bandas de forró e
pela empresa que controla esses grupos. A reportagem apurou que a A3
Entretenimento é a empresa investigada nessa primeira fase da operação e que
Aviões do Forró e Solteirões do Forró são duas das quatro bandas envolvidas no
esquema fraudulento.
"Existem
dois caminhos. Um mundo oficial e um mundo clandestino, subterrâneo. A parte
formal dessas empresas representa em torno de 20% do que efetivamente circulava
de dinheiro. A grande parte dos recursos circulava em espécie, e isso demonstra
claramente a tentativa de se evadir da tributação, o que apresenta indícios de
lavagem de dinheiro", reforçou o Auditor Fiscal e Superintendente da
Receita Federal no Ceará, Piauí e Maranhão, João Batista Barros.
Segundo
Doralucia Souza, a operação "For All" continuará e irá abranger
outras empresas e outras bandas no Ceará.
Diário do Nordeste
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