O presidente
do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou a aliados que quer dar seguimento
ao pedido de impeachment do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O
peemedebista não tem conseguido esconder sua revolta com a atuação do
procurador, que pediu sua prisão ao Supremo Tribunal Federal.
Na noite dessa
quarta-feira (15), Renan participou de festa junina na casa da senadora Kátia
Abreu (PMDB-MS). Antes disso, entretanto, se reuniu com Eunício Oliveira
(PMDB-CE) e Eduardo Braga (PMDB-AM) na casa do ex-presidente José Sarney em
Brasília. Os peemedebistas tiveram que acalmar Renan, que mostrou-se decidido a
aceitar o impeachment de Janot.
Ele relembrou
aos colegas de partido que existem ainda cinco pedidos de impeachment contra o
procurador-geral da República a serem analisados pelo Senado e que pretende
buscar, em algum deles, os argumentos necessários para acolher a denúncia.
Segundo os senadores,
Renan está irritado com as decisões do procurador-geral. O desconforto ficou
claro durante a festa junina de Kátia, quando Renan trouxe para as rodas de
conversa, por diversas vezes, o nome de Janot.
O presidente
do Senado abordou diferentes convidados mostrando em seu celular uma reportagem
sobre o procurador-geral. No título, Janot afirmava que a manutenção de sigilo
da delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado geraria crise entre os
Poderes.
Renan
argumentou com os senadores que, dessa forma, Janot estava "estimulando
vazamentos" e que isso era uma "irresponsabilidade". O
presidente do Senado foi alvo de um dos vazamentos da delação de Machado e
apareceu em um diálogo chamando Janot de "mau-caráter".
O presidente
do Senado cogita ainda que Janot tenha orientado as gravações feitas por Sérgio
Machado. "São conversas totalmente induzidas, é uma delação orientada.
Como pode grampear um senador com foro? Só com autorização judicial",
disse Renan aos convidados, na festa.
De acordo com
Renan, a delação de Machado não possui "materialidade" e, para trazer
essa característica para a colaboração premiada, o delator teria sido orientado
a fazer gravações com o político. Ele fez um paralelo com o caso Delcídio
Amaral e afirmou que, ao negociar acordo de delação, o ex-senador teria se
comprometido a voltar ao Senado e fazer gravações com colegas para fortalecer o
depoimento.
Confraternização
Muitos
senadores marcaram presença na festa junina oferecida por Kátia Abreu
(PMDB-MS). Inicialmente divididos em duas mesas, uma do governo e outra da
oposição, os parlamentares se reuniram em um só grupo com a chegada do
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Renan chegou
mais tarde, acompanhado de Eunício Oliveira e Eduardo Braga e conseguiu
acomodar todos ao seu redor. Apesar de o assunto ser majoritariamente político,
a conversa seguiu descontraída. Regado a uísque e entre uma reclamação e outra
contra Rodrigo Janot, o presidente do Senado conduziu a conversa com
brincadeiras e vários casos.
Ele explicou,
por exemplo, porque não quis autorizar o pagamento de passagem e hospedagem
para a autora do processo de impeachment, Janaína Paschoal, participar das
reuniões da comissão. "Com todo respeito, ela é muito chata!",
justificou, aos risos, para os colegas. Segundo ele, a jurista poderia poupar o
Senado dessa despesa, já que recebe altos honorários "pagos pelo
PSDB", brincou.
O petista
Lindbergh Farias (RJ) zombou dos apelidos da tropa de choque de Dilma na
comissão do impeachment. "Gravamos um vídeo juntos e alguém comentou
dizendo que eu era o petralha, a Vanessa Grazziotin seria a Penélope Charmosa;
a Gleisi Hoffmann era a Narizinho e a Fátima Bezerra, a Maria Bonita",
contou, arrancando risos da mesa.
Muitas piadas
também foram feitas com o senador Zezé Perrella (PTB-MG), que não estava
presente. Os demais disseram que o colega tem fama de organizar boas festas,
sempre com a presença de moças mais jovens.
Alguns
deputados também participaram da festa junina de Kátia, mas longe da mesa dos
senadores. André Fufuca (PP-MA) passou para cumprimentar os demais, enquanto
Tiririca (PR-SP) chegou a cantar uma música com o sanfoneiro.
A festa na
casa de Kátia foi uma homenagem ao ex-senador do Democratas José Jorge, que
também é ministro aposentado do Tribunal de Contas da União (TCU). Com bom
trânsito partidário, Jorge realizava todos os anos uma festa junina em
Brasília, prestigiada por diferentes nomes da República. Katia presenteou o
convidado e anunciou que gostaria de manter a tradição.
Diário do Nordeste
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