O Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba propôs, nesta segunda-feira (13), uma ação contra o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), pedindo a cassação dos direitos políticos e o pagamento de uma multa superior a R$ 100 milhões.
Os investigadores entendem que Cunha foi beneficiário do esquema de corrupção instalado na Diretoria Internacional da Petrobras, "desvirtuando a finalidade da função parlamentar para atender interesses espúrios particulares", promovendo "lavagem de dinheiro no exterior, omitido a existência desse patrimônio e apresentando evolução patrimonial não justificada", como consta no documento assinado pelos procuradores da Lava Jato em Curitiba.
Mesmo tendo foro privilegiado, Cunha poderá ser processado no Paraná, tramitando o processo e o julgamento por improbidade na primeira instância. A esposa, CLáudia Cordeiro Cruz, o ex-diretor da Petrobras Jorge Luiz Zelada, o operador do PMDB no esquema, João Augusto Rezendo Henriques, e o proprietário da Companie Beninoise des Hydrocarbures (CBH), Idalécio Oliveira, também são alvos nesta nova ação.
Acuado
A ação do MPF deixa Eduardo Cunha ainda mais acuado no seu afastamento do cargo. Antigos aliados do deputado, parlamentares do Centrão (maior bloco informal do Congresso Nacional e que Cunha ajudou a criar) orientou o peemedebista pela renúncia. Além disso, está cada vez mais difícil para o Planalto defender o aliado.
Peemedebistas também pedem que Cunha renuncie para preservar o governo interino de Michel Temer (PMDB), já desgastado pelos áudios vazados do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, entre outras polêmicas. Para completar, a esposa de Cunha virou réu na Lava Jato na semana passada e está nas mãos do juiz federal Sérgio Moro.
Cunha vê na manutenção do mandato como a única saída. Ele precisa, agora mais que nunca, da influência política para salvar a si, a esposa e a própria filha, todas na mira da Lava Jato. Para isso, inescrupuloso como tem se mostrado até agora, Cunha não hesita em ameaçar o próprio partido e o Planalto: se cair, levo 150 deputados, um senador e um ministro próximo a Temer.
Aliados do Centrão querem manter o poder articulado pelo próprio Cunha para eleger o sucessor na presidência da Câmara. Mas o presidente afastado não cairá silenciosamente e, se cair, deve acertar delação que abalará permanentemente a política brasileira e, em especial, o Congresso Nacional.
Maurício Moreira
Com informações do Globo
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