A dimensão
exata da participação do governador Camilo Santana (PT) na defesa da
candidatura do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), será explicitada no
dia da convenção que homologará a candidatura do chefe do Executivo municipal,
em 5 de agosto, último dia do calendário eleitoral para a confirmação de
candidaturas. Camilo, depois do prefeito, será a figura central do evento,
embora lá devam estar todos os representantes da coligação partidária, a partir
do ex-governador Cid Gomes, e do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.
Até o discurso
na convenção, o governador nada acrescentará sobre o seu envolvimento na disputa
municipal de Fortaleza, além dos registros aqui feitos desde o ano passado.
Embora decepcionado com as vadiagens de figurões do seu partido, com a inércia
da direção partidária de iniciar o processo de mudanças reclamado por vários
filiados para o restabelecimento da moralidade, não está determinado a se
desfiliar.
O fará, quando
e se, qualquer gesto de companheiro, daqui ou de fora, lhe gere constrangimento
na caminhada ao lado de Roberto Cláudio. A figura da licença da filiação, como
alguns incautos apontam, não existe para o protagonismo que pretende ter na
campanha do adversário de Luizianne Lins (PT).
Diferente
Na caminhada
até o início de agosto, Camilo continuará fazendo as mesmas manifestações
explícitas de apoio ao prefeito, bem menos contundentes daquelas ditas aos
petistas com quem ponderou sobre a necessidade de adiamento do lançamento da
candidatura de Luizianne. Para alguns deles o governador já chegou a comparar
os pouco mais de três anos da atual gestão com os oito da ex-prefeita petista.
Além de Fortaleza, Camilo vai ter participação efetiva em poucos outros
municípios cearenses. O roteiro sempre estará combinado com o ex-governador Cid
Gomes, incluindo candidatos do PDT, PT e outros partidos aliados.
A disputa
deste ano, como já afirmado, será bem diferente de todas as demais realizadas,
a partir da redução do prazo de campanha, do custo, deveras reduzido em relação
ao pleito anterior, e das peculiaridades, como a de ata da convenção ter que
refletir a realidade, diferente do passado quando o partido apresentava uma ata
da convenção, alguns dias depois do evento, com as acomodações feitas para
atender interesses dos partidos coligados, incluindo e tirando nomes de
candidatos aos cargos legislativos, e, inclusive de vice-prefeito, como foi o
caso da escolha do companheiro de chapa de Luizianne Lins em seu segundo
mandato.
Hábito
Neste ano, os
candidatos a prefeito de Fortaleza não poderão gastar, individualmente, mais do
que R$ 9,2 milhões, a metade da maior despesa de um dos candidatos à Prefeitura
da Capital em 2012. Sem dúvida, ainda é muito dinheiro para um só candidato
gastar. Mas, pelo hábito do eleitor brasileiro e a disposição de comprar o
mandato dos nossos políticos, tudo leva a crer que teremos muito desrespeito à
atual legislação, apesar da previsão de punição dura para quem desatendê-la, no
caso uma multa de 10% sobre o valor excedido e a abertura de um processo por
abuso do poder econômico, punido com a cassação do registro da candidatura ou o
diploma de eleito.
A redução do tempo
e o novo formato da propaganda eleitoral, claro, diminuirão determinados
gastos. Mas não custa caro apenas a elaboração dos programas de rádio e
televisão. Todos os outros ingredientes, imprescindíveis na estrutura dos
comitês eleitorais, permanecem, e inflados pelos índices inflacionários. O
Ministério Público terá bem mais trabalho na fiscalização do cumprimento da lei
para inibir o Caixa 2. A propósito, um candidato a vereador de Fortaleza só
pode despender até R$ 491.300,72. No segundo turno da eleição de Fortaleza, os
dois candidatos, individualmente, só podem gastar até R$ 2.782.978,92. Este
montante não dá para pagar a estrutura do marketeiro.
Mudanças
Da atuação dos
membros do Ministério Público, e de outros segmentos da sociedade, interessados
em uma nova ordem política para o Brasil, dependerá a eficácia da legislação
eleitoral posta em prática. Ela não é a ideal, mas se respeitada incutirá
mudanças capazes de afastar aventureiros e contumazes compradores de votos para
se aboletarem nos palácios e empanturrarem-se do dinheiro público. Podem até
surgir novos indesejáveis, até piores, por certo, porém, até por serem
neófitos, chegarão menos vorazes e receosos de praticarem os delitos comuns de
hoje.
Na Capital, a
fiscalização indiscutivelmente será bem mais atuante. O contingente de
fiscalização oficial e da sociedade civil é bem mais expressivo. No Interior,
no entanto, a situação é bem diferente, exceção nos grandes municípios, a
partir da Região Metropolitana de Fortaleza. Em Sobral e Juazeiro do Norte, até
pela influência do ambiente universitário de ambas, ainda acontece alguma ação
inibidora das peraltices dos mais afoitos.
Nas demais
cidades promete acontecer tudo como antes, infelizmente. Por lá, tem ainda a
agravante de não se vislumbrar qualquer perspectiva de renovação dos quadros
políticos. Os candidatos, sobretudo os majoritários, são bastante conhecidos do
eleitorado, principalmente pelo clientelismo praticado.
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