O presidente
da Câmara afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediu ao STF (Supremo Tribunal
Federal) a quebra de seu sigilo telefônico e o do senador Edison Lobão,
investigado pela Operação Lava Jato.
A petição foi
apresentada pela defesa do parlamentar fluminense no processo em que ele é
acusado de pressionar o empresário Julio Camargo para retomar o pagamento de
propina a Cunha.
Camargo
assinou acordo de delação premiada e afirmou que deputados aliados do
peemedebista apresentaram requerimentos em comissões da Câmara pedindo
informações a autoridades sobre a empresa Mitsui, prestadora de serviços da
Petrobras e com quem Camargo mantinha negócios.
A Folha
revelou em abril de 2015 que o nome "dep. Eduardo Cunha" aparece como
autor dos arquivos de computador em que eles foram redigidos. Ouvido pelos
investigadores, Camargo contou ainda ter desembolsado US$ 5 milhões em suborno
para Cunha, por meio do lobista Fernando Baiano.
Quebra de
sigilo comprovaria que empresário mentiu
Na peça
assinada pelos advogados do deputado afastado, Cunha diz que a quebra dos
sigilos telefônicos dele próprio e de Lobão poderá comprovar que Julio Camargo
mentiu em seus depoimentos. Camargo relata
que, sentindo-se chantageado pelos requerimentos, pediu ajuda a Lobão, à época
Ministro das Minas e Energia.
Segundo o
delator, num encontro na Base Aérea do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de
Janeiro, o então ministro disse que a estratégia de pressão via Câmara estava
sendo capitaneada por Cunha e que, em seguida, Lobão ligou para o parlamentar
fluminense na frente de Camargo.
"Esse
fato é falso. Justamente por isso o Ministério Público Federal não produziu
nenhuma prova de que tal ligação tenha ocorrido, tendo-se limitado a pedir a
relação de placas que entraram na Base Aérea. A suposta entrada de pessoas em
um local não faz prova do que as pessoas fizeram nesse local", argumenta a
defesa.
Os advogados
pedem a violação do sigilo referente ao dia em que o empresário e o senador se
encontraram no aeroporto do Rio.
Na peça, Cunha
contesta a versão de que tenha sido o responsável pelos requerimentos, pede
acesso aos depoimentos de todos os delatores que fizeram-lhe acusações e lista
uma série de deputados que integravam sua tropa de choque para serem ouvidos
como testemunhas no processo.
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