Acuado com a
aprovação do pedido de cassação no Conselho de Ética e com chances reduzidas de
salvar seu mandato no plenário da Câmara, o deputado afastado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) passou a considerar a hipótese de colaborar com a Justiça por meio de
delação premiada e de renunciar à presidência da Câmara, segundo apurou o
jornal O Estado de S. Paulo.
A avaliação no
Congresso é de que ao deixar circular a informação sobre a possibilidade de uma
delação casada com a renúncia, o peemedebista indica a parlamentares e ao
Palácio do Planalto que não cairá sozinho. Sua estratégia visa diminuir a
pressão do Poder Judiciário contra ele e estancar a sucessão de fatos negativos
divulgados diariamente sobre o deputado e sua família.
Oficialmente,
Cunha nega a intenção, porque, segundo ele, "não praticou crime nenhum e
não tem o que delatar".
Sucessão
As chances de
que o deputado afastado se salve são consideradas mínimas. Tanto que ontem as articulações
para a sucessão dele na presidência da Câmara foram intensificadas. As
conversas, até então discretas, entraram na fase de discussão de possíveis
nomes de candidatos para a eleição do sucessor do peemedebista.
A atual e a
antiga oposição na Câmara voltaram a se encontrar pela quarta vez para discutir
o assunto. PT, PC do B, PDT e Rede e PSDB, DEM, PPS e PSB debateram a indicação
de um candidato único apoiado pelos dois grupos para se opor ao nome que será
apresentado pelo Centrão - formado por 13 partidos e liderado por PP, PSD, PR e
PTB. "As discussões estão avançando. A ideia é criar algum grau de unidade
entre a antiga e a atual oposição", disse José Guimarães (PT-CE).
Alguns nomes
já foram colocados, como os dos deputados José Carlos Aleluia (DEM-BA), Rodrigo
Maia (DEM-RJ), Júlio Delgado (PSB-MG), Antônio Imbassahy (PSDB-BA) e Arlindo
Chinaglia (PT-SP).
No Centrão,
ganharam força os nomes dos deputados Esperidião Amin (PP-SC), Aguinaldo
Ribeiro (PP-PB), Jovair Arantes (PTB-GO) e Rogério Rosso (PSD-DF). Estes dois
últimos, contudo, dizem que não têm interesse em disputar um mandato tampão na
Câmara.
A disputa
entre Centrão e a antiga oposição deve causar mais uma vez um racha na base
aliada do presidente em exercício Michel Temer. Os dois grupos vão cobrar apoio
de Temer no pleito. Essa disputa entre os grupos vem desde a escolha do líder
do governo na Casa, quando Temer preteriu um nome do DEM e escolheu André Moura
(PSC-SE).
Na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ), próximo foro de embates entre aliados e
adversários de Cunha, seus membros dizem que o colegiado é técnico e só
atenderá eventual recurso de Cunha se for identificado "vício formal muito
forte" no processo conduzido pelo conselho. Eles lembram que desde a
criação do Conselho de Ética, em 2001, a CCJ nunca deu provimento integral a
recurso de representado.
Baixa
Antigo aliado
de Cunha, o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA) deixou a relatoria dos recursos
que o peemedebista havia impetrado na CCJ para evitar ser atrelado ao presidente
afastado da Câmara. O presidente da CCJ, Osmar Serraglio (PMDB-PR), está com
dificuldades para encontrar o substituto.
Diário do Nordeste
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