O ministro da
Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, pediu demissão ao
presidente interino Michel Temer (PMDB) nesta segunda-feira (30). Após
divulgação de áudios nos quais o ministro critica a Operação Lava Jato e
orienta o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), a enfrentar as
investigações, a manutenção de Fabiano ficou insustentável.
Temer chegou a
ligar para o ministro dizendo que preferia que ficasse no cargo, mas deixou a
decisão nas mãos de Fabiano. Nesta segunda-feira, os chefes do ministério de
todos os 26 estados e cerca de 220 gestores entregaram o cargo em protesto ao
ministro.
Na manhã de
hoje, servidores da antiga Controladoria Geral da União fizeram protestos na
sede do ministério e não permitiram a entrada do ministro. Em seguida, foram a
Palácio do Planalto pressionar Temer pela demissão do ministro. Fabiano foi
indicado por Renan Calheiros e deve voltar ao cargo de servidor público no
Senado.
Fabiano é o
segundo ministro de Temer a cair devido a divulgação de áudios contra a Lava
Jato. O primeiro foi o ex-ministro do Planejamento Romero Jucá, que chegou a
citar, em conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, a
necessidade de se articular um "pacto nacional" para barrar a
operação.
Confira a
carta de renúncia
Recebi do
Presidente Michel Temer o honroso convite para chefiar o Ministério da
Transparência, Fiscalização e Controle.
Nesse período,
estive imbuído dos melhores propósitos e motivado a realizar um bom trabalho à
frente da pasta.
Pela minha
trajetória de integridade no serviço público, não imaginava ser alvo de
especulações tão insólitas.
Não há em minhas
palavras nenhuma oposição aos trabalhos do Ministério Público ou do Judiciário,
instituições pelas quais tenho grande respeito.
Foram
comentários genéricos e simples opinião, decerto amplificados pelo clima de
exasperação política que todos testemunhamos. Não sabia da presença de Sérgio
Machado. Não fui chamado para uma reunião. O contexto era de informalidade
baseado nas declarações de quem se dizia a todo instante inocente.
Reitero que
jamais intercedi junto a órgãos públicos em favor de terceiros. Observo ser um
despropósito sugerir que o Ministério Público possa sofrer algum tipo de
influência externa, tantas foram as demonstrações de independência no
cumprimento de seus deveres ao longo de todos esses anos.
A situação em
que me vi involuntariamente envolvido - pois nada sei da vida de Sérgio
Machado, nem com ele tenho ou tive qualquer relação - poderia trazer reflexos
para o cargo que passei a exercer, de perfil notadamente técnico.
Não obstante o
fato de que nada atinja a minha conduta, avalio que a melhor decisão é deixar o
Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.
Externo ao
Senhor Presidente da República o meu profundo agradecimento pela confiança
reiterada.
Brasília, 30
de maio de 2016.
Fabiano
Silveira