O juiz federal
Sergio Moro decidiu, nesta sexta-feira (26), prorrogar por cinco dias a prisão
do publicitário João Santana e da mulher dele, Mônica Moura, além da funcionária
da Odebrecht Maria Lúcia Tavares. Moro atendeu ao pedido da Polícia Federal e
do Ministério Público Federal.
Os três foram
presos na 23ª fase da Operação Lava Jato, conhecida como Operação Acarajé. Na
mesma decisão, Moro decidiu soltar Vinícius Veiga Borin, empresário ligado a
uma empresa offshore investigada na Lava Jato, e Benedicto Barbosa da Silva,
executivo da Odebrecht.
Segundo a PF,
há indícios de que o publicitário João Santana recebeu R$ 4 milhões da
empreiteira Odebrecht no Brasil e os documentos apreendidos divergem da versão
apresentada pelo casal nos depoimentos prestados nesta semana. A suspeita é que
o dinheiro tenha origem no esquema de desvios na Petrobras.
Na decisão,
Moro disse que João Santana e Mônica Moura não explicaram, nos depoimentos à
Polícia Federal, os motivos pelos quais a Odebrecht teria feito pagamentos
pelas campanhas na Venezuela e em Angola.
Segundo o
juiz, os indícios apontam que os pagamentos feitos pela Odebrecht no exterior
para Santana tiveram origem na mesma conta usada pela empreiteira para “pagar
propina” a ex-diretores da Petrobras.
Sergio Moro
reforçou as suspeitas da Polícia Federal de que Santana e a mulher tenham
recebido recursos da Odebrecht no Brasil. Ele citou uma planilha anexada pela
PF no pedido de manutenção da prisão do casal. O documento mostra que o
publicitário pode ter recebido da empreiteira R$ 24,2 milhões, em 2014, no
país.
“O fato é que
os elementos probatórios anteriores e os ora revelados no exame sumário das
provas apreendidas, indicam que o relacionamento de João Santana e Mônica Moura
com a Odebrecht é muito maior que o admitido e que eles teriam recebido
quantias bem mais expressivas do que aquelas já rastreadas até a conta
Shellbill [conta offshore que seria ligada à empreiteira]”, disse Moro.
Moro também
criticou o fato de a defesa do casal ter admitido que o único crime que eles
cometeram foi não declarar as contas nas quais receberam recursos da Odebrecht
no exterior.
"Não
vislumbro ainda como banalizar a prática de fraudes, com utilização de recursos
escusos ou pelo menos não-contabilizados, em campanhas eleitorais, quer no
Brasil ou no exterior, considerando a consequente afetação da integridade do
processo político democrático. Nada há, portanto, de banal nessas condutas".
Em nota à
Agência Brasil, a Odebrecht afirmou que “não tem conhecimento da planilha
apresentada pela autoridade policial e não tem como comentar a sua veracidade
ou significado”.
Ceará News 7
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