As eleições
municipais do próximo ano, já em preparação, para alguns políticos é objetivo
final de conquista de Prefeituras ou vagas nas Câmaras Municipais de cada um
dos 184 municípios cearenses. Um grupo bem menor de pessoas, no entanto, terá
aquele pleito como um meio de preparação da estrutura que lhe permita disputar
o Governo do Estado no longínquo 2018, sem desconhecer estarmos há poucos meses
do início do Governo saído das urnas do ano passado.
Camilo
Santana, Domingos Filho, Eunício Oliveira e José Albuquerque, direta ou
indiretamente, já estão trabalhando com vistas à sucessão estadual e por isso,
individualmente, investirão, consideravelmente, para fincarem as bases
municipais dos seus respectivos projetos.
Estranho, até
parece, se vislumbrar campanha para o Governo do Estado com tanta antecedência
assim, quando uma série de acontecimentos surgirão, até lá, com fortes
potenciais, inclusive, de inviabilizarem projetos. Qualquer observador percebe
como estão se mexendo os políticos acima citados.
Como o
otimismo dos candidatos não considera essas nuances, todos investem,
silenciosamente, num projeto individual, mesmo em tempos tão distantes, com o
objetivo de tornar sua pretensão irreversível e fortalecida para facilitar, no
momento oportuno, o diálogo com as demais forças.
Pretensão
Patrícia
Aguiar, prefeita de Tauá, não assumiria a presidência do PSD, como está
acertado, não tivesse o marido, conselheiro do Tribunal de Contas dos
Municípios (TCM), Domingos Aguiar Filho, pretensão de ser candidato a
governador do Estado, após a frustração que cumulou, em 2014, ao cabo de todo
um trabalho desenvolvido dentro do grupo liderado pelo ex-governador Cid Gomes,
de quem foi vice, acabando preterido com a escolha de Camilo Santana, de um
outro partido, embora da base de apoio do grupo governista.
Domingos
montou a estrutura para ser candidato. Não o foi por falta de legenda. Ele
agora a terá, e podendo, como admitem alguns, poderá deixar o TCM antes dos
cinco anos obrigatórios para garantir a aposentadoria de conselheiro, como
determina a legislação pertinente.
A soma dos
proventos de um integrante do Tribunal em que está é muito atraente, pouco mais
de R$ 30 mil, mas para um político como ele o é, a busca do sonho de ser
governador é pessoalmente bem mais confortador, quando mais ciente de, se
adverso for o resultado da eleição, mulher e filho (Domingos Neto) continuarão
com mandatos. E em pleno vigor físico e capacidade laboral, aos 52 anos de
idade, não terá grandes dificuldades para continuar fazendo política, o que lhe
é reconhecidamente peculiar.
Encontros
Não seria
correto afirmar esteja hoje Domingos fazendo política, pois o seu cargo veda
tal prática. Mas estar conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios lhe
permite ter, constantemente, contatos com todos os prefeitos cearenses,
inclusive em eventos programados para reunir esses gestores municipais.
José
Albuquerque, presidente da Assembleia, também preterido na disputa pelo Governo
do Estado, fez tudo como Domingos para ser o escolhido no ano passado. Não
gostou da opção Camilo, mas posteriormente aceitou a decisão do chefe, Cid
Gomes. Garantiu a presidência da Assembleia, onde estava na época da campanha
de 2014 e já se articula como antes, com o objetivo de ser candidato à sucessão
estadual. Com os deputados estaduais tem uma maior aproximação. E por meio
deles se liga a prefeitos, e tem vários projetos, no Legislativo, para se
comunicar com o eleitorado do Interior.
Atualmente,
José Albuquerque tem um calendário de visitas a várias localidades do Estado,
onde projeta mobilizar as comunidades locais buscando conscientizar os jovens
cearenses dos perigos da droga, tema que sensibiliza a todos em razão dos
malefícios causados às famílias. Na última semana esteve em Viçosa do Ceará, no
Planalto da Ibiapaba e voltou satisfeito com a plateia que conseguiu reunir e a
repercussão midiática, também nos meios de comunicação da localidade.
Ligação
pessoal
Eunício retoma
a programação estabelecida, anteriormente, para sustentar uma sua segunda
disputa à chefia do Executivo estadual. Ele foi derrotado diretamente por
Camilo Santana. Em 2018, ao contrário de 2014, perdendo, guardará quatro anos
sem mandato.
No último
sábado, em Camocim, num encontro do seu partido, foi tratado como candidato.
Sua ligação pessoal com Domingos Filho, e de correligionário até o início de
2014, permite formulação de conjecturas no sentido de uma aliança entre ambos,
com o presidente do PMDB cearense guardando chances de conseguir se reeleger
senador, pela perspectiva da fortaleza de uma chapa com os dois e um terceiro
para a outra vaga de senador.
O líder
peemedebista cearense, além de garantir um mandato, parece só almejar derrotar
o grupo do ex-governador Cid, do qual, abruptamente saiu para ser adversário e
inimigo. Domingos, pelo fato de não ter corroborado para permitir a
desincompatibilização de Cid, dessarranjando o projeto de ele ou o irmão Ciro
disputarem a vaga de senador, em 2014, tem chance zero de ser votado pelos
Ferreira Gomes, mesmo Camilo não indo para reeleição e Albuquerque desistindo
da postulação ao Governo.
Camilo
Santana, a princípio, seria o candidato natural do grupo que o elegeu e com ele
governa, mas já há senões. Não que sejam de tão difícil superação. Mas o
governador dependerá muito da purgação a ser submetida por seu partido, hoje
muito execrado e por isso de perspectivas sombrias, em 2016 e 2018, além do
fato de estar a sua gestão hoje prejudicada, como as dos demais estados, pelas
dificuldades da economia nacional e a crescente demanda da sociedade nos vários
setores da administração pública.
Edison Silva
Editor de Política
Diário do Nordeste
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