No dia 11 de fevereiro, uma tragédia se
abateu sobre uma família no município de Quixadá. Walter Lázaro da Silva, 38
anos, operário em uma fábrica de beneficiamento de algodão, sofreu um acidente
terrível. Um cano por onde passava água fervendo se rompeu e a força da água
jogou Lázaro para dentro de uma caldeira com água fervente. No momento do
infortúnio, a temperatura da água na caldeira estava entre 300 a 400 graus
Celsius.
Embora a caldeira estivesse quase
vazia, a vítima do acidente, por causa da dor extrema, fez diversos movimentos
na água, expondo muitas partes do corpo à fervura. De acordo com informações da
família, Lázaro sofreu queimaduras graves nas duas pernas, no braço direito e
parte do tronco. Ele foi socorrido por colegas ao Hospital Eudásio Barroso,
onde teria recebido tratamento completamente inapropriado.
Familiares informaram que a equipe do
Hospital Eudásio Barroso apenas jogou água na vítima. A enfermeira teria se
recusado a limpar as feridas, dada a gravidade do caso. A própria esposa da
vítima teve de realizar o procedimento. Não havia nenhum tipo de medicamento
capaz de amenizar o sofrimento de Lázaro, que gritava com dores angustiantes. A
família da vítima informou a este site que a equipe médica estava em total
desespero, completamente despreparada para atender ocorrência do tipo.
Tragicamente, a equipe do Hospital
Eudásio Barroso enfaixou o corpo inteiro da vítima, sem, contudo, utilizar
nenhum tipo de pomada, procedimento que foi fortemente repreendido pela equipe
médica do Centro de Queimados do IJF, em Fortaleza, para onde Lázaro foi
transferido. Arrancar o pano do corpo do trabalhador foi um procedimento
extremamente doloroso.
A transferência da vítima, aliás, foi
outra dificuldade. As ambulâncias do SAMU estavam à serviço das pessoas que
foram assistir um jogo do Quixadá Futebol Clube, no Abilhão, que acontecia no
mesmo dia. O motorista da única ambulância, já sucateada, à serviço do Eudásio
Barroso, recusou-se a fazer a viagem até a capital cearense, pois, segundo ele,
os pneus do veículo não estavam em condições de realizar o percurso. Apenas
depois que familiares ofereceram os pneus de um carro particular é que o
motorista resolveu realizar o percurso. “A ambulância que estava a serviço do
Hospital não tinha condições nem de carregar animais feridos com segurança,
muito menos pessoas. Tivemos de fazer uma verdadeira arruaça para conseguir um
serviço que deveria estar à disposição de qualquer cidadão”, conta um parente
da vítima.
No IJF, Lázaro recebeu tratamento no
Centro de Queimados. Ele resistiu por oito dias, durante os quais alternava
entre momentos de lucidez, dor extrema, desmaios, convulsões e alucinações.
Infelizmente, uma infecção generalizada, decorrente do diabetes, ceifou a vida
de Lázaro.
Desumano, de acordo com a família, foi
o tratamento recebido no Hospital Eudásio Barroso. “Até quando, meu Deus,
seremos vítimas desse descaso e despreparo?”, pergunta Lena Lázaro, irmã da
vítima.
O falecido deixou esposa e três filhos.
—///—
OBS: O Monólitos Post tomou
conhecimento deste fato no dia da ocorrência, porém, respeitando o desejo dos
familiares, não fez menção ao fato até hoje, somente depois da família
autorizar a divulgação do episódio trágico. Aproveitamos para estender à
família enlutada nossos mais sinceros pêsames.
Monólitos Post
_______________________________________________________________________________