SÃO PAULO - Uma linha de
camisetas da Adidas sobre a Copa do Mundo está gerando polêmica por causa do
duplo sentido que o material traz. Ao mesmo tempo que fala de Brasil e da
paixão pelo futebol, também reforça o apelo sexual num momento que o governo do
País luta para não passar essa imagem internacionalmente. O material causou
revolta na Embratur, que promete formalizar nesta terça uma reclamação à
empresa alemã de material esportivo.
"Vamos entrar em contato com
a direção da Adidas, fazendo um apelo para que reveja essa atitude e tire os
produtos do mercado. Essa campanha vai no sentido contrário ao que o Brasil
defende", explica Flávio Dino, presidente da Embratur. "Nosso esforço
é voltado para a promoção do Brasil pelos atributos naturais e culturais. Uma
iniciativa dessas ignora e desrespeita a linha de comunicação que o governo
adota."
Uma camiseta apresenta a frase
"Lookin’ to score", que pode ser traduzida por "em busca dos
gols". Mas também é uma expressão que significa "pegar garotas"
de uma maneira mais sexual. A imagem de uma moça de biquíni não deixa dúvidas
da dupla intenção. Ela está à venda no site da adidas nos Estados Unidos
(www.adidas.com/us/) por US$ 25 (R$ 58,50) e parece fazer parte de uma nova
linha.
A outra camiseta coloca um
coração amarelo que também pode ser enxergado no formato de nádegas com um fio
dental verde. Também passa uma mensagem de duplo sentido e fala "Eu amo o
Brasil". No site, custa US$ 22 (R$ 51,50). O portal do jornal O Globo já
havia mostrado a peça nesta segunda-feira.
"O governo brasileiro
discorda dessa linha de produtos, não aceitamos o turismo sexual. Claro que as
pessoas podem namorar durante a Copa, mas não queremos uma mercantilização
disso. Acaba sendo inclusive um desserviço à própria marca, porque ela está se
associando a um tema muito negativo", comenta Dino.
O presidente da Embratur disse
que isso atrapalha a organização do Mundial. "A gente luta para afirmar
uma imagem positiva do evento, e isso fortalece os discursos críticos à Copa. O
problema é a apropriação disso e deturpação do que pode ser a Copa. Já
comunicamos nossas agências espalhadas por 15 países para que façam a
divulgação de que não aceitaremos isso."
A Adidas foi procurada pela
reportagem do Estado, mas até o fechamento desta matéria ainda não tinha se
pronunciado. O caso foi enviado para a matriz da empresa na Alemanha, porque o
material é comercializado no exterior e por isso é a sede global que deve se
posicionar. A Adidas é patrocinadora oficial da Copa do Mundo.
Estadão
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