Novas formas
de participação do eleitorado nas campanhas eleitorais, principalmente após o
advento da Internet e, mais recentemente, das redes sociais, têm feito com que
os candidatos mudem as estratégias utilizadas para entrar em contato com seu
público-alvo. Pré-candidatos à reeleição na Assembleia Legislativa relatam que
as pessoas estão mais atentas ao que se passa na vida pública e cobram mais
comprometimento da classe política com causas de relevância para a população.
Até mesmo em
localidades mais afastadas dos grandes centros urbanos, eleitores estão atentos
ao dia a dia político e têm feito cobranças recorrentemente aos parlamentares.
No último sábado (28), por exemplo, nos municípios cearenses de Irapuan
Pinheiro, que aniversariava, e Madalena, onde o Governo do Estado fez uma
reunião em praça pública para anunciar obras, manifestações populares contra os
deputados federais Raimundo Gomes de Matos (PSDB), Gorete Pereira (PR) e o
senador Eunício Oliveira (MDB) deixaram preocupados alguns dos políticos que
participaram dos eventos.
O deputado
estadual João Jaime (DEM) diz que vem sentindo uma mudança significativa no
modo de agir do eleitorado há algum tempo. De acordo com ele, as redes sociais
na Internet terão peso no pleito vindouro de outubro próximo, mas não é
possível, até o momento, medir a dimensão de tal influência na eleição. “O
eleitor está mais atento e mais exigente com os candidatos. Quem tiver serviço
prestado e dialogar bem nas redes sociais levará vantagem”, avaliou o
parlamentar, candidato a mais um mandato na Assembleia.
Segundo ele,
porém, apenas a presença de candidatos nas redes sociais não será capaz de
eleger ninguém, porque as plataformas servirão apenas como canal de divulgação
de propostas e feitos dos postulantes. “É preciso ter conteúdo, sem esquecer
que as chamadas ‘fake news’ também influenciarão muito”, argumentou. De acordo
com o parlamentar, a cobrança nos municípios do Interior tem sido maior neste
ano do que em anos eleitorais anteriores, o que ele atribui a um engajamento
maior das pessoas nas redes sociais.
Já para
Roberto Mesquita (PROS) a divulgação dos trabalhos parlamentares por meio das
redes sociais faz “um grande bem” porque leva informações quase que em tempo
real aos eleitores, derrubando um “muro” que existia, segundo ele, entre o
Interior e os grandes centros urbanos. O deputado aponta, contudo, que o lado
ruim de tais plataformas é a criação dos “falsos heróis”, que constroem perfis
alimentando o imaginário das pessoas e que, por fim, não apresentam nada de
novo.
Diálogo
O pedetista
Sérgio Aguiar, que tem densidade eleitoral, principalmente, na Região Norte do
Estado, afirma que, no Interior, o acirramento da disputa e a proximidade com
os mandatários fazem com que o acompanhamento das ações de políticos por
eleitores seja mais intenso.
“As redes
sociais são utilizadas pelo cidadão, em qualquer cidade ou Região do Estado, da
mesma forma. A solicitação de melhoramentos de serviços públicos pelas redes
sociais, como recuperação e reforma de estradas, são bem frequentes, utilizando
os parlamentares como mensageiros da reivindicação junto ao poder público”.
Para o
parlamentar, entretanto, não há dificuldades para os pretensos candidatos que
são atuantes e trabalham para encaminhar soluções dos problemas reclamados pela
população. “O diálogo constante é a principal forma de atuação por parte do
agente político”, sustentou.
Congresso
Embora seja
deputado estadual, Leonardo Araújo (MDB), por sua vez, afirma que parlamentares
com mandato no Congresso Nacional têm tido mais dificuldades. “Eu tenho
percebido que alguns parceiros, especialmente da Câmara Federal, têm tido
rejeição muito grande, principalmente, quando a gente fala em possibilidade de
voto ‘casado’ ou apoiando tal nome”, relatou ele, referindo-se às “dobradinhas”
entre deputados estaduais e federais em alguns municípios na busca por votos a
cada eleição.
Segundo
Leonardo Araújo, existe uma repulsa dos eleitores em relação à classe política,
principalmente após o advento da Operação Lava-Jato e a divulgação de suas
ações na imprensa convencional e, especialmente, nas redes sociais. Ele diz,
porém, que, apesar da repulsa, o eleitorado está mais participativo, uma vez
que tem tido mais acesso à informação. “A melhor atuação é a participação
direta, esclarecendo qualquer ponto divergente que o eleitorado possa
apresentar”, defendeu.
Elmano de
Freitas (PT) também admite que tem percebido uma crítica generalizada à
política e aos políticos. “Penso que a população está muito insatisfeita com a
política e vai tentando perceber que nomes ela vai depurando desse sistema
político tão distorcido que temos”.
Edison Silva
_________________________________________________________________________________