As
indefinições nacionais sobre como cada partido deve se comportar na eleição
diante das diversas pré-candidaturas à Presidência da República colocadas até o
momento estão afetando decisões em âmbito estadual, segundo parlamentares
cearenses. No caso da base governista do governador Camilo Santana (PT), também
haverá dificuldade no convencimento de aliados sobre apoios locais e nacionais,
uma vez que PT e PDT têm pré-candidaturas próprias.
O governador
Camilo, por exemplo, é apoiado por uma ampla base em que ao menos dez partidos
pretendem lançar candidaturas ao Palácio do Planalto. São eles: Podemos, PEN
(Patriota), PDT, PTC, PRB, PRTB, PT, PCdoB, PSC e DEM. O MDB, que vem se
alinhando com a gestão, também estuda apresentar um nome à disputa presidencial
de outubro próximo.
Para alguns
deputados entrevistados pelo Diário do Nordeste, também haverá problemas no
convencimento do eleitorado sobre a conjuntura partidária, que pode permitir,
por exemplo, que legendas aliadas no Estado apoiem nomes com pensamentos e
ideologias diferentes em esfera nacional.
O petista
Elmano de Freitas destaca que, no Ceará, tanto a oposição quanto a situação em
determinados municípios apoiarão eventual candidatura de Camilo Santana à
reeleição. “Acho que isso tem a ver com o tamanho do País, e até já nos
acostumamos com essa realidade”, pontuou. Para ele, indefinições em esfera
nacional também têm interferido em posicionamentos locais de algumas siglas.
No caso do PT,
Elmano de Freitas diz que há uma possível candidatura presidencial colocada e
esta não pode aguardar definições sobre a candidatura local. “Temos que
organizar a campanha do Camilo articulando esta com a candidatura do Lula.
Precisamos acelerar isso no Estado e nos municípios”, afirmou.
Segundo ele,
apesar da ligação que o governador tem com o grupo liderado por Ciro e Cid
Gomes (PDT) no Ceará, o chefe do Executivo, filiado ao PT, deve apoiar
candidatura da legenda. No entanto, Elmano defende a manutenção de “uma posição
respeitosa e até de parceria” com uma candidatura de Ciro Gomes. “Por questão
de força política, os Ferreira Gomes merecem uma maior atenção”.
Eleitorado
Presidente
interino do PT, o deputado Moisés Braz afirma que a maior preocupação quanto ao
arco de aliança que abrange partidos com diferentes candidaturas a presidente
está no entendimento do eleitor. “Minha maior preocupação é se a população vai
ter boa compreensão ao encontrar, num palanque, candidatos a deputado estadual
com candidato a governador, cada um pedindo voto para outro partido em nível
nacional”, relatou.
O dirigente
ressalta que o partido vai exigir do governador voto em candidato do PT, mas
pondera que ele terá liberdade para construir sua aliança no Estado. “A gente
vai debatendo e não é de bom tom que o PT diga que o Camilo não vai poder fazer
determinada aliança. Ele precisa dessa aliança e vamos condicionar que essa
aliança tenha ligação forte com a questão nacional”.
João Jaime
(DEM), por sua vez, informa que, caso o presidente da Câmara dos Deputados,
Rodrigo Maia, oficialize candidatura ao Palácio do Planalto, o DEM participará
da campanha no Estado. Caso não haja determinação partidária nos estados, a
legenda, no Ceará, ficará livre para apoiar Camilo Santana.
“Não sabemos o
que vai acontecer. O PDT e o PT, como vão ficar? O MDB estará com esses
partidos no Estado? Todas essas variáveis só serão definidas em junho”,
considerou.
O deputado
Julinho (PPS) também opina que indefinições nacionais têm afetado diálogos
locais, uma vez que muitas das eventuais candidaturas à Presidência da
República são de pretensos candidatos que estão em partidos que fazem parte da
base aliada de Camilo. No entanto, ele destaca que o diretório estadual do PPS
estará liberado para apoiar qualquer nome, e quem ganha espaço na executiva
nacional para ter o apoio é o pedetista Ciro Gomes.
Já Leonardo
Araújo (MDB) pondera que a legislação não obriga a verticalização das
candidaturas em âmbito nacional, estadual e municipal. Ele diz ainda que não se
pode vetar nomes e defende a possibilidade de a sigla emedebista apoiar Ciro
Gomes para a disputa. “O MDB não tendo candidato, o grupo do senador Eunício
Oliveira não veta o nome do presidenciável Ciro Gomes”, frisou.
Oposição
Para o líder
do Governo, Evandro Leitão (PDT), “o tempo vai se encarregar dessas questões”.
Segundo ele, passada a indefinição quanto à possibilidade de candidatura ou não
do ex-presidente Lula, “as demais situações se resolvem por osmose”. O
pedetista destaca, ainda, que Camilo Santana tem relação forte com o grupo
liderado por Ciro e Cid Gomes, fundamentais para sua eleição. “Eu ainda
acredito que todos nós estaremos juntos por fazermos parte de um único
projeto”.
A questão
também deve ser discutida na oposição, diante da possibilidade de candidatura
do PSDB. O partido faz parte de uma aliança com PROS, PSD e SD, este último
também com pré-candidatura em nível nacional. De acordo com o deputado Heitor
Férrer (SD), se confirmada a pré-candidatura de Aldo Rebelo, a sigla fará com
que haja palanque dele no Estado. “Guardo fidelidade ao partido. As composições
aqui têm que respeitar a direção nacional”, disse.
Edison Silva
_________________________________________________________________________________