Filha mais
velha do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), a publicitária Danielle Dytz da
Cunha quer usar o espólio eleitoral do pai, preso desde outubro de 2016 na Lava
Jato, para tentar conquistar uma vaga este ano na Câmara. Ela busca apoio
principalmente de igrejas evangélicas, mesmo reduto eleitoral que garantiu a
Cunha maior parte dos 232,7 mil votos que teve no pleito de 2014, quando foi o
terceiro deputado federal mais bem votado do Rio.
Danielle
decidiu disputar as eleições a pedido do pai, que está inelegível até 2027 após
ter o mandato cassado em setembro de 2016 por ter mentido sobre a posse de
contas bancárias no exterior. Sem foro privilegiado, Cunha foi preso um mês
depois da cassação por ordem do juiz federal Sérgio Moro, que condenou o
emedebista posteriormente a 15 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de
corrupção, lavagem e evasão de divisas no âmbito da Lava Jato.
O primeiro
passo para viabilizar a candidatura de Danielle foi se filiar ao mesmo partido
do pai, o MDB em 3 de outubro passado, pouco mais de seis meses após a
condenação de Cunha por Moro. A ficha de filiação foi abonada pelo deputado
federal Marco Antônio Cabral (MDB-RJ). Ele é filho do ex-governador Sérgio
Cabral, condenado a mais de 100 anos de prisão pela Lava Jato.
Filiada,
Danielle procurou apoio da Assembleia de Deus de Madureira - que, só no Rio,
tem cerca de 250 mil fiéis, segundo cálculos não oficiais de seus integrantes.
Essa foi a mesma igreja que apoiou a eleição de Eduardo Cunha em 2014. No ano
seguinte foi citada em denúncia do Ministério Público, que acusou Cunha de
receber pelo menos R$ 250 mil em propinas por intermédio da instituição
religiosa.
Desde então, a
publicitária passou a frequentar eventos da igreja. No feriado de 1º de maio,
por exemplo, participou da tradicional confraternização das filiais da
Assembleia de Deus de Madureira no Rio. O evento aconteceu durante todo o dia
no sítio da igreja no bairro Campo Grande, zona oeste do Rio, e contou com as
finais de campeonatos internos de futebol e dança. Segundo relatos de presentes,
ela conversou e posou para fotos com fiéis.
Na busca por
votos, Danielle conta com um influente apoio: o do ex-deputado e bispo Manoel
Ferreira (PSC), presidente vitalício da Convenção Nacional das Assembleia de
Deus no Brasil e que comanda o Ministério de Madureira. A publicitária quer se
apresentar como a "candidata oficial" da igreja, mas tem
concorrentes. Integrante de outra ramificação da Assembleia de Deus, o deputado
Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), também busca o apoio do Ministério de Madureira.
Com ou sem o
apoio da igreja, a candidatura da filha de Cunha é dada como certa no MDB.
"Ela será candidata e será eleita", disse à reportagem o presidente
nacional do partido, senador Romero Jucá (RR). "Ela tem potencial",
aposta o deputado federal Leonardo Picciani, presidente estadual do MDB no Rio
- cujo pai, o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio Jorge Picciani
(MDB), também está preso, embora em regime domiciliar.
Picciani foi
procurado recentemente por Danielle, que pediu para disputar uma das vagas de
deputada federal pela legenda. Os dois se reuniram na sede do partido no Rio.
No encontro, segundo relatos, ele garantiu que o partido vai incluí-la na lista
de candidatos. A publicitária é um dos seis nomes que o MDB do Rio espera
eleger para a Câmara neste ano. Em 2014, foram oito, o que tornou a bancada
emedebista fluminense a maior dentro do partido na Casa. Procurada pela
reportagem, Danielle Cunha não quis se manifestar. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
Agência Estado
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