Imagine estar
numa consulta médica e não conseguir se comunicar porque você e o médico falam
línguas diferentes. Imagine agora precisar tirar uma dúvida no banco e não
obter a informação porque ninguém na agência compreende o que você expressa.
Estas e outras situações, infelizmente, são comuns na vida dos surdos já que
muitos locais não dispõem de intérpretes de Libras, a Língua Brasileira de
Sinais, mesmo com a obrigação legal de disponibilizar este profissional para
atendimento das pessoas com deficiência auditiva.
Estes
problemas foram levados ao Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas (NDHAC)
da Defensoria Pública do Estado do Ceará que, nesta terça-feira (21), esteve
reunido com a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis).
Com o auxílio da intérprete de Libras, Aljanielle Amorim, a defensora pública e
supervisora do Núcleo, Sandra Sá, conversou com a presidente da Feneis, Vanessa
Vidal, sobre o papel de cada instituição e como os surdos podem ser assistidos
pela Defensoria.
Apesar das
várias leis que tratam de acessibilidade, os surdos se consideram
“desassistidos” e enfrentam problemas especialmente no acesso aos serviços de
saúde, públicos e privados. “Em muitas consultas precisamos levar um familiar
para nos ajudar na comunicação com o médico, mas isso acaba prejudicando um
pouco nossa intimidade, nossa autonomia, podendo inclusive comprometer o
diagnóstico, porque reduzimos as informações para evitar constrangimentos, por
exemplo, numa consulta ginecológica ou com psicólogo”, disse Vanessa Vidal,
acrescentando que as dificuldades também existem nos momentos de lazer quando,
por exemplo, o filme em exibição no cinema não tem legenda e o surdo fica
impedido de assisti-lo.
Para a
defensora pública Sandra Sá, é fundamental conhecer as demandas dos surdos
cearenses e fazer os devidos encaminhamentos ao poder público e às empresas
para que cumpram o que determinam as leis e, se preciso, ingressar com ações na
Justiça para garantir seus direitos. “A surdez conduz à limitação da capacidade
de comunicação, pois a sociedade de maioria ouvinte impõe à minoria linguística
– os surdos – a comunicação oral, o que dificulta o acesso dos surdos a
diversos direitos, principalmente o direito à educação, pois a dificuldade na
comunicação falada restringe a construção do conhecimento que ocasiona um
prejuízo na qualificação profissional e dificuldade de inserção no mercado de
trabalho”, comenta a supervisora do NDHAC.
Para conhecer
mais esta realidade e envolver todos os agentes na promoção e na efetivação dos
direitos dos surdos, o NDHAC programa para o fim de abril uma audiência na
Defensoria Pública reunindo representantes dos poderes Executivo e Legislativo
estadual e municipal, universidades, associações e demais entidades de apoio
aos surdos para fazer o diagnostico da demanda e encaminhamento de soluções.
Núcleo de
Direitos Humanos e Ações Coletivas (NDHAC)
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