O volume do
Castanhão baixou ao menor nível desde que o reservatório encheu pela primeira vez,
em 2004. O maior açude do Brasil tinha ontem volume de água correspondente a
4,77% de seu volume total. O reservatório é o principal responsável por
abastecer a parte mais populosa do Ceará, que abrange Fortaleza e Região
Metropolitana.
Entre julho de
2016 e março deste ano, o Castanhão recebeu reforço do açude Orós, segundo
maior do Ceará. Antes disso, este último vinha sendo preservado e mantido como
reserva estratégica. Quando o Castanhão chegou abaixo de 8%, essa garantia
emergencial foi acionada para poupar o açude principal.
Quando o Orós
caiu para menos de 10%, o suporte foi suspenso. Hoje, o Castanhão tem pouco
mais da metade do volume de água de quando começou a receber o apoio suspenso
em março. Já o terceiro maior açude do Ceará, o Banabuiú, armazena menos de 1%
da capacidade.
A situação é
crítica apesar de os açudes do Estado terem recebido em 2017 o maior aporte de
chuvas dos últimos seis anos. O Castanhão foi o que mais ganhou água — mais de
120 milhões de metros cúbicos ao longo do ano. Quantidade insuficiente para
compensar o consumo e manter mesmo o nível de antes da quadra chuvosa.
Em fevereiro,
quando começa período de maior aporte, o Castanhão tinha 4,96% da capacidade.
Chegou a um pico de 6,09% no período chuvoso. Em dois meses e meio, perdeu tudo
que recebeu no ano e ainda baixou mais.
Apesar do
quadro crítico, o Governo do Estado descarta racionamento na Capital este ano.
Segundo o governador Camilo Santana (PT), os prejuízos e problemas da suspensão
temporária do serviço para o sistema de abastecimento não compensam. “Faremos o
que for necessário para evitar racionamento. Não precisamos fazer (no ano
passado) e não vamos precisar fazer neste ano”, afirmou ontem, ao inaugurar a
barragem Germinal, em Palmácia.
“A preocupação
com o Castanhão nunca deixou de existir. Agora, temos de trabalhar muito bem
essa água para que ela dê para todo mundo”, comentou o secretário estadual dos
Recursos Hídricos, Francisco Teixeira. Segundo ele, a ideia é intensificar as
campanhas pelo uso consciente do recurso, criar alternativas para captação de
água para indústria dar continuidade às obras do plano de segurança hídrica.
Conforme
Teixeira, há reservas para abastecimento até a próxima quadra chuvosa, no
início de 2018. Para o próximo ano, ele espera aporte satisfatório nos açudes e
a chegada das águas do São Francisco. “Só assim vamos tomar a decisão do que
fazer”. São Francisco
As obras de
transposição foram retomadas em junho, após oito meses paradas. Segundo o
ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, que visitou o Ceará ontem, os
trabalhos foram reforçados no trecho entre Cabrobó (PE) e Jati (CE). “A
previsão é de que estejamos com água nos primeiros dias de 2018”, disse
Barbalho.
Poços
direcionais
Como
alternativa à crise hídrica, o governador Camilo Santana (PT) deve anunciar no
próximo mês o início dos trabalhos para perfuração de poços direcionais no
Estado. “Vamos usar essa técnica pela primeira vez no Brasil”, comentou.
Técnica
Nesse tipo de
poço, o ponto mais profundo da perfuração não fica alinhado verticalmente ao
local de perfuração. Assim, o poço faz uma “curva” para desviar de obstáculos
no solo e chegar mais facilmente ao reservatório subterrâneo de água.
O Povo Online
_________________________________________________________________________________