Ariosto
Holanda apresenta estratégia “Mudando o meu Município” para definir prioridades
e formar Conselho Político com lideranças locais
O movimento
Alternativa para Limoeiro, de caráter suprapartidário, que congrega correntes
políticas descontentes com as duas postulações de candidaturas a prefeito do
município já feitas, foi lançado neste sábado no auditório do NIT, em ato com a
participação do ex-deputado Ariosto Holanda, idealizador da ideia. Lideranças
locais da sociedade civil – advogados, professores, estudantes e outras
categorias – membros dos partidos PDT, PT, PP, PR e PCdoB expressaram adesão à
iniciativa, que terá como estratégia ouvir nas diversas comunidades suas
prioridades para consolidar um plano de governo.
Fátima
Pinheiro, advogada, confessou que estava com vontade de deixar a militância
política e transferir o título eleitoral para Fortaleza por não ver saída. Para
ela, “as candidaturas até então postas são uma reciclagem que, espremendo, não
dá mais nada”. Todavia, ao saber do movimento Alternativa, ela diz que mudou de
ideia.
“O Brasil
chega ao momento do fim de um ciclo político depois do vergonhoso 17 de abril
promovido por deputados ridículos, e está surgindo uma nova política. Limoeiro
do Norte se antecipa com uma nova maneira de fazer política”, disse Fátima
Pinheiro. Segundo ela, é preciso que as pessoas de bem tenham coragem. “Não se
pode mudar se não for pela política”, afirmou, ao lembrar a presença na plateia
de muitas lideranças que presidiram a União Estudantil Limoeirense (UEL),
criada em 1960 por Ariosto e outros estudantes, com muita militância política,
porém extinta pelo golpe militar de 1964.
O professor
Ivan Remígio, do IFCE, contou que, ao saber do movimento Alternativa, mudou o
seu plano para o dia 2 de outubro que era o de comer camarão e caranguejo na
praia de Aracati, disposto a pagar a multa de R$ 3 por não votar. “Parabéns por
romper com esse modelo arcaico de fazer política pautado no poder econômico”,
disse com relação a Ariosto Holanda. “Este modelo que tanto nos envergonha,
baseado no dinheiro, destrói a ética e a moral, e com ele não sobreviverão
muitas coisas”, observou.
Ivan Remígio e Ariosto Holanda |
Ivan Remígio
destacou a iniciativa do movimento Alternativa que vai dar oportunidade à
sociedade para discutir educação e cultura para formular um plano de governo
com a participação das comunidades. O professor do IFCE ressalvou falar em nome
particular e disse ainda que o plano de governo consolidado com as prioridades
das comunidades deverá ser acolhido pelo candidato a prefeito a ser definido no
processo, para que este cumpra o que está no papel. “Vou deixar o camarão e o
caranguejo para outra oportunidade”, ele afirmou.
Tadeu
Pinheiro, do PT, disse que agora vê alternativa, e comparou o movimento ao
semear as boas sementes para que a sociedade de Limoeiro do Norte avance sempre
na sua construção para as gerações futuras. Para ele, a politica atual do
município “é viciada e degradante, usada em benefício próprio por quem quer se
servir dela para atender a projeto particular”.
Tadeu Pinheiro e Ariosto Holanda |
O movimento
Alternativa – acrescentou Tadeu Pinheiro – é uma semente plantada para colher
no curto, no médio e no longo prazo e não se limita a um pleito eleitoral,
simplesmente. Segundo ele, a ideia do Conselho Político proposto por Ariosto
Holanda é permanente, integrado por prefeito, vereadores, membros do Ministério
Público e Judiciário, lideranças de comunidades professores, estudantes e
igreja. “Parabéns pela fortaleza, a coragem e o sonho que está nos nossos
corações”, disse ele, ao afirmar que não vê a eleição para prefeito, hoje,
determinada para grupo A ou B. “A população, o voto, é quem vai dizer”.
Maria Maia
observou que o povo pode não ter conhecimento técnico, mas tem compreensão, e
defendeu a necessidade de levantar a autoestima e os sonhos da população.
“Temos capacidade de fazer a nossa própria história”, afirmou, ao propor a
ideia de que a gestão tem de se voltar para o próprio povo. “O povo tem de
fazer a própria identidade, e jamais vamos baixar a cabeça para essa
imoralidade que está aí”, disse ela.
Marcos Coelho |
Marcos Coelho,
vice-prefeito de Limoeiro do Norte, lembrou que o lançamento da frente
partidária foi antecipado em uma semana e começou a ser divulgado na
quarta-feira desta semana, boca a boca. Mesmo assim o auditório quase lotou. “O
objetivo foi atingido”, avaliou. “Tudo surge de uma necessidade: a conclamação
às pessoas que não aceitam mais conviver com a política da forma como está no
município”.
O
vice-prefeito enfatizou que o objetivo é conclamar a sociedade civil e os
movimentos sociais para que apresentem políticas públicas no movimento de um
grupo suprapartidário que não discute pessoas, mas propostas. Marcos Coelho
defendeu a transformação do atual clima de inércia e a expressão do repúdio à
conjuntura atual. “Não podemos cruzar os braços. Queremos mudar de atitude e
dar um direcionamento com instrumentos mais avançados e transparentes numa nova
mentalidade e compromisso, independente se vai ter governador do lado”.
Poder
econômico
“Será que a
política vai ser sempre atropelada pelo poder econômico que chega na época de
eleições comprando votos?”, questionou Ariosto Holanda. O professor, primeiro
suplente de deputado federal, observou que a alternativa escolhida por Limoeiro
do Norte, uma nova forma de fazer política, pode servir de modelo para outros
municípios, e citou como exemplo a presença na plateia de delegações de Morada
Nova, com Eliânio Lourenço, e de Russas, com João Paulo Holanda.
João Rameres Regis e Ariosto Holanda |
O diretor da
Fafidam, João Rameres Regis, disse que o país vive momento de crise política,
institucional e de representação, mas também de positividade porque colocou de
novo no debate as forças democráticas, os movimentos sociais que tinham se
perdido na trajetória e relaxaram no conforto da eleição da presidente,. Para
ele, o Brasil precisa de reforma política profunda.
Com relação ao
movimento Alternativa para Limoeiro, João Rameres analisa que é uma construção,
e ressalta a importância do método escolhido. “O processo é a metodologia mais
adequada para a escolha do candidato”, afirmou, ao lembrar que no curso da
discussão até chegar a um plano bem desenhado existirão divergências.
O diretor da
Fafidam recomendou que, caso o candidato do grupo não seja eleito, o movimento
persista em discussão com vereadores eleitos, as diferentes comunidades e os
direitos difusos. “Podemos colaborar na discussão sobre educação e cultura e
temos condições de reunir pessoas”, ele declarou e manifestou seu reconhecimento
à atitude que considerou muito importante. Por fim, expressou o desejo de que
“possa ter concretude na nossa ação política”.
Ariosto Holanda e Carlinhos Celedônio |
Carlinhos
Celedônio, do PT, avalia que o movimento Alternativa é ousado, mas o grupo
pluripartidário tem tempo suficiente para articulação. Segundo ele, existem
muitas lideranças jovens que estão no interior. O que falta é oportunidade”,
afirmou em comparação com os tecnólogos formados no Centec e agora IFCE de
Limoeiro do Norte que cresceram e alguns chegaram a conquistar posições
profissionais com mestrado e doutorado.
Pedro Julião
Bandeira, presidente do PP em Limoeiro do Norte, também confessou que estava a
ponto de desistir da política quando recebeu o chamamento do movimento
Alternativa. “A política se apresenta hoje com um descrédito enorme no país.
Vai eleito quem tem dinheiro para comprar voto. Só muda a política se mudar a
forma de fazer campanha. As pessoas recebem dinheiro da empresa, a empresa
depois quer retorno e o político está comprometido, não com a sociedade, mas
com a empresa”, observou.
Pedro Julião e Ariosto Holanda |
“A gente não pode cruzar os braços”, disse o
presidente municipal do PP. Segundo Pedro Julião, nas eleições anteriores
Ariosto Holanda teve um erro na trajetória ao apoiar candidato (que depois não
cumpria a agenda de compromissos). “Desta vez é diferente, porque a sociedade
vai escolher o candidato para executar esse projeto levantado com base nas
necessidades do município, e o candidato deverá estar comprometido de cabo a
rabo com este plano de governo”, afirmou.
Leovegildo Andrade Maia, Ariosto Holanda e Marcos Coelho |
Leovegildo
Andrade Maia, do PR, disse que pensava em anular o voto para prefeito, mas
mudou de atitude ao ver Ariosto Holanda, com 77 anos, com a sinceridade dele,
acreditar nas pessoas que existe alternativa para Limoeiro do Norte. Já Maria
Luci de Amorim, professora, observa que a população está com a autoestima
baixa, e por isso recomenda estudar uma forma de entrar na sociedade de Limoeiro
do Norte com mais impacto, para chegar nas comunidades. O estudante Mateus
Ramos recomenda: “somente pela ação vamos conseguir levar à mudança”.
Maria Luci Amorim, Ariosto Holanda e Marcos Coelho |